terça-feira, 18 de julho de 2017

SER ESPOCA BODE🐐

É ficar em frente de casa
Jogar conversa fora até anoitecer
É ir em busca de qualificação profissional
E quando regressar à cidade natal se encontrar
E mesmo tendo apreciado outros horizontes
Ainda se encantar com o pôr do sol da Praça da Saudade
É rever os amigos de infância
E deixar o flashback rolar
É não perder o costume de chupar flau
E saborear piçoleta já pensando
Naquela cuia de tacacá do tucupi doce
Servido quente com pimenta que dá o suador
É apreciar manga com a farinheira do lado
E os fiapos fazerem parte do sorriso espoca
A baguda é da especial
Aquela amarelinha e torradinha
Que vem direto do caipuru abastecer à feira
É se arrumar todo com a melhor roupa
Pra ir no Círio de Santo Antônio
E mesmo tendo tomado os mais deliciosos sorvetes
Não deixar de apreciar o de muruci
Que vende no velho coreto central
E como o sol no norte brilha mais forte
Oriximiná é brasa abastada a flamejar 
Mas isso, não impede de calçar aquela bota
Que estava esquecida num canto do quarto
E ir desfilar nos paralelepípedos do Parque
E isso não é uma budida
E nem é ser uma pomba lesa
É pura pavulagem mesmo
Quem é daqui tem um chiado na fala
Tem um orgulho vibrante no peito
De encher a boca e dizer:
EU SOU DAQUI MANINHO
Tu te abicora
Tu toma tento
Vim de Orixi
Tenho parentes
Do Sapucuá
Até o Cachoeri