sábado, 30 de maio de 2015

A natureza dos elementos



Água, manto sagrado que transborda abraçando o mundo
Delicada renda transparente que viaja para a praia beijar

Ora impetuosa como mulher forte, engolindo e afogando

Ora doce sorriso ingênuo e meigo de criança ao despertar

Terra, chão tapetada de amor materno, cálido e profundo
Dá-nos segurança e estabilidade para nossos pés apoiar

A semente repousa e, enquanto, sonha vai germinando

Flores de cores vívidas exibindo-se ao desabrochar

Fogo, chama azul intensa nos esquentando a todo segundo
Tão focado explode lava, magma flume no solo a queimar

Tocha acessa tão voraz ao seu redor fica tudo inflamando

Pulsando vida como veias de calor dissipado a abrasar

Ar, sopro de vida, asas de anjos fazem o vento oriundo
Pra lá e pra cá num balé de sensações a coreografar

A dança da nossa existência vai se movimentando

Mostrando que é importante a natureza respeitar

Antagonismo da vida



Estou flutuando delicadamente como o chumbo
Estou à porta de uma casa sem nenhuma saída
Estou lendo um livro no meu quarto às escuras
Estou andando pelo caminho sem sair do lugar
Estou ladeada de amigos e sempre sozinha
Estou com frio debaixo do sol escaldante
Estou descalça
Estou farroupilha
Estou pálida
Estou abatida
Estou sem guia
Estou sem direção
Estou sem amor
Estou onde não queria estar
Estou como não queria estar
Estou assim com nada 
Estou assim sem tudo

Exposições

Uma ferida aberta está exposta à contaminação
Um rebelde declarado está exposto à repreensão
Uma criança pobre está exposta à exclusão
Um país emergente está exposto à discriminação 
Um coração abandonado está exposto à solidão

Saudade



Meus sonhos estão
Poluídos pela realidade
Corroídos pelo desalento
Corrompidos pela dor
Não tenho horizonte a vislumbrar
Meus pés descalços
Andam por entre cacos de vidro
Do caminho dos desesperados
Estou com a alma debilitada a vagar
Pedindo abrigo quente em qualquer coração
Minhas lágrimas regam minha trajetória
E germinam o fruto do desamor
Oh, sangra minh’alma aflita
Sem esperanças quero desistir
Ah, os dias claros são tão escuros
O clima quente é tão frio
E já chegou à estação das flores mortas
Os esgotos pela paisagem nebulosa são tão normais
A situação piorou quando cheguei ao fim da estrada 
E descobri que era o começo do caminho