domingo, 18 de abril de 2010

Sem pistas

Estou falecendo lentamente
Estirada em uma cadeira empoeirada
Meu sangue quente escorre
Pelo chão frio de mármore antigo
Até a porta fechada da casa velha
O vento balança as cortinas, apaga os castiçais
E faz ruídos que lembram um coral lírico
O relógio da sala não tem ponteiros
Toca sem avisar qual é a hora exata
Espelhos se quebram com a ventania
O telhado voa descobrindo a casa
Meu corpo padece ao relento
De súbito, cai uma chuva fina
Que lava meu sangue
Apagando os vestígios
De uma tentativa de homicídio
Ou quem sabe
De um suicídio premeditado
Mal elaborado e desesperado

Nenhum comentário: