sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Estilhaços

Como anda abatida minh’alma,
Arrastando-se em estilhaços de vidros quebrados.
Meu sangue escorre pelos olhos
Como gotas cristalizadas de solidão,
Numa desventura sofrida,
Num gritar sussurrante,
Numa corrida desesperada e inerte,
Numa dor medonha e absurda.
Meu corpo já não obedece.
Minha mente sem razão não suporta.
Existem pedaços de vidros
Encravados nos joelhos dos meus sentimentos.
Não há como estancar o sangue.
A hemorragia debilita o eu desfigurado.
Minha morte é anunciada
Estou prestes a falecer.
Minhas últimas palavras são
Balbuciadas na escuridão...
Quem me dera recuperar o viço,
E tomar-te em braços meus
Oh! vida minha!
Oh! ar meu!
Teu sorriso é meu.
Teu olhar me pertence.
Teu amor eu suplico.
Sem forças
Meu corpo tomba
E minha vida se esvai
Entre os estilhaços de vidros quebrados!


(Sophie Amadeus)

Um comentário:

Emiliocarepa disse...

Esta é a minha preferida. Na verdade acho que era a única que conhecia. Mas a cada vez que leio, mais emoção ela me transmite.
A poesia tem grandeza, a autora transcende, o resultado da obra é encantador.