sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ser artificial

A mão que procura,
A boca que deseja,
O olhar que inunda.
Mente cheia.
Coração vazio.
De repente, incendeia
Num instante já faz frio.
Amputam-se as mãos,
Costura-se a boca,
Arrancam-se os olhos,
Deprime o pensamento,
Aflige a alma,
Encharca no sangue a dor,
Rasga mais a ferida,
Amarga mais o fel da vida.
Contudo,
Põem-se próteses de mão,
Cortam-se os fios da boca
E a língua
Para ficar sem voz,
Colocam-se olhos de vidro.
E choro eu,
Pois aqui jaz
Eu mesma.
Renasce, então,
Um ser artificial
De mim
Sem mim

Para o nada...

(Colibri Lunar)

Um comentário:

Emiliocarepa disse...

Agora tomei de vez coragem para ler toda a tua obra, pelo menos a aqui postada