sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mel-fel

Tua presença é ânimo
Que esmorece.
Teu sorriso é doce
Que amarga.
Teu olhar é raio de luz
Que anoitece.
Estou ferida
Pelo teu mel-fel
Debilitada por uma dor
Estranha conhecida...
Oh! que tristeza alegre
É a tua vida
Que a mim causa moléstia.
Ardo em febre
Frio martírio.
Padeço num constante
E inerte delírio,
Cujo teu corpo é o remédio
Que me causa enfermidade.

(Sophie Amadeus)

Um comentário:

Emiliocarepa disse...

Fez-me lembrar meu falecido avô que me criou como filho. Um dia ele me disse que quando eu fosse escrever sobre algo, deveria também falar sobre o seu oposto, para destacar o que eu queria dizer. Foi o único connselho que eu me lembro de ter recebido dele sobre a arte de escrever.
Mas não sei se poderia seguir os conselhos dele com a mesma maestria com que tu fazes.
Mel-fel é uma obra prima da antinomia. Os opostos passeiam nele com uma luminescência admirável

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